Lívio Xavier

Lívio Barreto Xavier

Granja – CE, 1900 – São Paulo, 1988.

Jornalista e tradutor brasileiro, Lívio Xavier foi um militante comunista que fazia oposição a política do Partido Comunista Brasileiro, fundando aqui no Brasil a Liga Comunista Internacionalista, ligada à Oposição de Esquerda Internacionalista  dirigida por Leon Trotski.

Por Raquel de Queiroz:

“Faço isto pelo simples fato de que a referência a Lívio Xavier, nome de rua em São Paulo, sensibiliza muitos poucos de nós, habitantes ou nascidos no Ceará. No entanto, este cearense de Granja, ao lado de companheiros como o crítico de arte Mário Pedrosa, teve um papel central na trajetória do comunismo brasileiro, quando em 1930, em plena revolução liderada por Getúlio Vargas, organizou a primeira dissidência trotskista à hegemônica atuação teórica e prática do Partido Comunista Brasileiro – o Grupo Comunista Leninista (GCL)”.

 

Tempos de Formação

Infância em Granja

Abril de 1900. Ano de seca. Granja, cidade da zona norte cearense que tinha sido um aldeamento jesuíta por volta do século XVII chamado “Macaboqueira”. No começo do século XX, Granja já se tornara um centro importante para onde convergia todo o comércio das cercanias.

Filho de dona Elisa Barreto Xavier e do “coronel” Ignácio Xavier, Lívio Xavier, nascido na manhã do dia 25 de abril de 1900, foi o terceiro filho, mas o primeiro homem, o primeiro varão de uma prole que finalizou com treze herdeiros.

A avó paterna, dona Raimunda, era responsável pela educação doméstica das crianças, ou seja, dar banho, cuidar da alimentação, tomar cuidado com as brincadeiras etc. A mãe, por sua vez, estava sempre ocupada com algum recém-nascido ou com os que ainda não podiam dispensar o auxílio materno. Seu avó paterno, José Sancho Xavier, parece ter ocupado um cargo no fisco em viçosa. Descendia diretamente de Pedro Lelou, um dos primeiros capitães-mores do Ceará e que ajudou os bandeirantes a destruir o Quilombo dos Palmares.

Seu avô materno, José Soares Barreto, era um homem do campo e que depois se estabeleceu em Granja. Alcançou a fama de inteligente porque lia, escrevia e contava, uma façanha para o mundo rural da época (e ainda hoje…). Por conta dos seus dotes ganhou o apelido de “águia do Trapiá”, região onde nasceu. Sua esposa, dona Mariana, nasceu na cidade e pertencia à família Rocha, que se dizia descendente de Felipe Camarão, o índio que os tradicionais livros de história transformaram em herói da guerra dos portugueses contra os holandeses.

Foi no escritório dos armazéns da Ignácio Xavier e Companhia, vizinho a casa da família, que Lívio aprendeu os primeiros conhecimentos de escrita e leitura, aos quatro anos, e sem que ninguém lhe ensinasse.

 

Do tradutor:

“Acho que sou apenas um arquivista”.

Lívio Xavier em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo – 1 de julho de 1979.

Lívio Xavier traduziu muito. Seu nome faz parte do panteão dos tradutores que colocaram as obras do pensamento universal ao alcance dos brasileiros. Tinha escrita fluente, elegante e mordaz. Deixou sua marca entre a intelectualidade brasileira.

Seu texto esboço de uma análise da situação econômica e social dobrasil(1930), em parceria com mário pedrosa, é tido como a primeira análise marxista, séria e consistente, sobre o país. autor também de nosso patrimônio cultural,tempestade sobre a ásia: a luta pela manchúria (com o pseudônimo de l. mantsô), infância na granja, o elmo de mambrino (que lhe valeu o prêmio jabuti de 1976, na categoria de estudos literários). como poeta bissexto, deixou uma coletânea de dez poemas de lívio xavierilustrados por noêmia mourão. seu acervo se encontra no cedem, centro de documentação e memória, da unesp.

Obras do autor:

  • Infância na Granja – Massao Ono, 1974
  • O Elmo de Mambrino – Rio de Janeiro. Ed Jose Olímpio, 1975 (Prêmio Jabuti 1976, na categoria “Estudos Literários”)
  • Dez Poemas de Lívio Xavier ilustrados por Noêmia Mourão – Cultura Brasileira/Massao Ohno, 1978
  • Correspondência com Mário Pedrosa, apêndice in José Castilho Marques Neto, Solidão Revolucionária, Mário Pedrosa e as origens do trotskismo no Brasil, Paz e Terra, 350 páginas, 1993

Obras sobre o autor:

  • Alexandre Barbalho. Lívio Xavier – Política e Cultura. Ceará 2003

 

    2 Responses to Lívio Xavier

    1. Gustavo Nabhan says:

      Eu gostaria de saber mais sobre o escritor e jornalista: Lívio Barreto Xavier.
      Gostaria de saber como ter acesso aos seus livros.

    2. Gustavo, temos um exemplar do livro citado acima: Lívio Xavier – Política e Cultura, do Alexandre Barbalho na nossa biblioteca que fica na Av. do Imperador, 1397 – Centro/Fortaleza
      Ceará
      Telefone: +55 (85) 3254.5150
      Se quiser marcar de ir conhecer nosso acervo fala comigo por e-mail: isabel.ccarneiro@gmail.com, ou liga pra nossa sede. Mas sinta-se à vontade de nos visitar, será muito bem-vindo.

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